Pensamentos, não há como fugir deles! Estamos o tempo inteiro pensando. Algumas coisas pensamos porque queremos e outras sem querer. A psicologia cognitiva-comportamental entende cada pessoa tem seu próprio padrão de pensamento. Alguns padrões podem nos beneficiar e outros podem nos prejudicar. Já sabe qual é o seu?
Alguns transtornos como depressão, ansiedade, estresse agudo e outros tantos, são perpetuados por alguns padrões de pensamentos. Da mesma forma que um padrão de pensamento intensifica um problema psicológico, um novo padrão mais saudável pode ser uma solução. Então, entender como pensamos é essencial para uma mudança de vida e de humor.
Como construímos um padrão de pensamento?
O pensamento é a forma como entendemos e interpretamos os fatos. Sendo assim, a forma como aprendemos a entender a vida durante a infância molda os nossos pensamentos ao longo a vida. Durante algum tempo, esse padrão de pensamento pode ter sido necessário e saudável mas, como a vida muda, nossa forma de encará-la precisa ser adaptada também.
Um psicólogo cognitivo-comportamental pode entender, junto com o paciente, a causa detalhada desses padrões de pensamentos, bem como identificar quais padrões causam sofrimento e prejuízo. Isso é necessário para que uma mudança na estrutura do pensamento (reestruturação cognitiva) possa ocorrer e permitir que o paciente tenha uma vida mais saudável emocionalmente.
Um padrão de pensamento é como um sapato que nos servia muito bem. Com o tempo, esse sapato não serve mais e usá-lo se tornou muito incômodo e dolorido. Ninguém consegue ir longe com um sapato que machuca os pés. Da mesma forma, continuar a viver com velhos padrões de pensamentos pode impedir as pessoas de chegarem onde querem, além disso torna o caminho muito mais difícil.
É muito importante conhecer um pouco sobre o modo como pensamos. Porque, isso é útil no dia-a-dia, não é apenas uma forma de autoconhecimento como uma curiosidade. As mídias, por exemplo, utilizam as distorções cognitivas como forma de manipulação do público à assistir um programa, comprar um produto ou se comportar de forma específica, como foi comprova neste artigo científico da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas.
Alguns padrões de pensamento
- Personificação: Pessoas com esse padrão, se culpam por situações que estavam fora de seu controle. Por exemplo: um colega de aula roda em uma prova e ela se sente culpada por não ter ajudado o amigo de alguma forma. Pode aparecer em pessoas com depressão.
- Atribuição de culpa: Culpar outras pessoas pelos problemas que têm, inclusive em relação as próprias falhas. Como rodar em uma prova e culpar o professor por não ter ensinado direito.
- Catastrofização: Pensar que vai acontecer o pior possível. Como achar que poderá ser demitida por chegar alguns minutos atrasado no trabalho. Muito comum em pessoas ansiosas.
- Filtro mental: Focar exclusivamente no que causa prejuízo, tendo uma visão negativa sobre a vida, desvalorizando ou ignorando as coisas boas que acontecem. Como ficar triste por ter ganhado o terceiro lugar em uma competição difícil, desejando ter sido o primeiro e desvalorizando a vitória.
- Generalização: Transformar um situação específica em regra para a vida, com se fosse uma verdade absoluta. Como a mulher que pensa que todos os homens são traidores porque foi traída uma vez.
- Polarização: É aquele padrão de pensamento “8 ou 80”, “tudo ou nada”. Pessoas com esse padrão enxergam apenas duas possibilidade de fazer as coisas. Como a pessoa que só vai na academia se for todos os dias da semana, caso contrário prefere não ir. Com isso, ignora que pode ir duas ou três vezes, também.
- Raciocínio emocional: Acreditar que o que está pensando é a realidade. Uma pessoa que tem baixa auto-estima pode acreditar que todas as pessoas presentes a acham feia ou chata. Comum em fobia social.
- Leitura de mente: Acreditar que sabe o que os outros estão pensando sem qualquer evidência real. Como pensar que um colega a odeia porque não lhe cumprimentou ao chegar no trabalho.
- Adivinhação: Tirar conclusões precipitadas de uma situação sem fundamento para isso. Como não ir em um encontro com amigos por acreditar que não irá se divertir. Comum em pessoas deprimidas.
- Rotulação: Julgar algo ou alguém de forma pejorativa e definitiva devido a uma situação isolada. Como acreditar que um colega é incompetente e burro por ter cometido um erro no trabalho.
- Comparações injustas: Comparar a si mesmo ou a própria vida, com as outras pessoas. Como pensar que a vida da outra pessoa é muito melhor, porque ela tirou férias melhores que a sua.
- Auto-cobrança: Frases como “eu tenho que” ou “eu devera” são bem presentes nesse modo de pensamento. Pessoas que pensam desta forma, apresentam um padrão inflexível consigo e com os outros, tratando situações cotidianas como sérias obrigações. Como acreditar que “tem que” sair com seus amigos no final de semana, encarando isso como uma obrigação.
Como mudar padrões de pensamentos?
E ai, se identificou com algum padrão? Imagino que sim! Podemos pensar em várias vezes que pensamos desta forma. Mas não se preocupe, porque Isso não significa que você tem um problema. É preciso prestar atenção se exageros acontecem e no quanto esses pensamentos podem te afetar. Se perceber que isso causa prejuízo ou sofrimento, procure um psicólogo.
Não é nada fácil identificar esses padrões, e se tentar fazer sozinho é praticamente impossível. Pois, estamos tão acostumados com esses pensamentos, que não percebemos o quanto eles interferem em nossas vidas. Em uma psicoterapia cognitivo-comportamental, o psicólogo trabalha com diversas técnicas para alcançar essa compreensão e também promover mudanças.