O amor na visão cristã é algo polêmico. Porque, as pessoas não cristãs compreendem que amor é outra coisa e cobram dos cristãos um comportamento diferente. Entenda, a luz da Bíblia, o que é amor.
Para todas as coisas que Deus fez há um propósito, uma utilidade. Sendo assim, o amor, sendo mencionado por Paulo como o mandamento que resume toda a Lei, tem o maior e mais importante propósito de todos, mas qual seria?
Pois toda a Lei se resume num só mandamento, a saber: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5:14)
Amor é felicidade?
É do senso comum acreditar que o amor tem objetivo de proporcionar felicidade, reciprocidade e bom convívio. Mesmo essas coisas sendo importantes para o homem, se observarmos no Evangelho a jornada de Cristo – o maior exemplo de Amor que a bíblia nos apresenta – podemos ver que essas necessidades humanas não passam de vaidades.
Porque, para Jesus não houve reciprocidade, ele foi perseguido e blasfemado desde antes de nascer até os dias atuais. Então, invés de felicidade por amar, sua recompensa nesta terra foi uma coroa de espinhos.
Deus, sendo o Criador de todas as coisas, certamente criou o Amor com um propósito muito mais profundo.
Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. (2 Coríntios 12:10)
Mais que alegria
A felicidade que a bíblia nos tem como promessa não é a felicidade enquanto sentimento de plenitude, isso o homem só alcançará quando estiver vivendo na Glória de Deus. Portanto, a felicidade que a bíblia apresenta não tem a ver com o momento presente, mas com a esperança em alcançar esta glória.
Assim, ela se trata de uma promessa para o futuro. Também se trata de valorização daquilo que realmente é relevante para a vida cristã: o homem que alcança sabedoria, que teme ao Senhor e que é corrigido por Deus, entre outras coisas, é feliz.
Perceba que a felicidade bíblica não tem absolutamente nada a ver com alegria momentânea. Sendo assim, Amar não é provocar alegria no outro, mas ensiná-lo a ser justo de acordo com a justiça de Deus, para alcançar a verdadeira plenitude um dia.
Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento (Provérbios 3:13)
“Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso. (Jó 5:17)
Há maior felicidade em dar do que em receber. (Atos 20:35)
Sobre o amor recíproco
A reciprocidade que a bíblia nos ensina é um pouco mais complexa do que estamos acostumados a ouvir. Porque, não acontece em um nível horizontal (de homem para homem), mas em um nível vertical (de Deus para o homem).
Assim, a reciprocidade é um processo, não uma ação. Ela não é como um prêmio que você receberá se for bom, no sentido de “se eu fiz o bem para alguém, esta pessoa também deve fazer o bem à mim”.
Primeiramente, tem a ver com graça, que é favor não merecido. Isso significa que devo fazer ao outro aquilo que desejo que façam comigo, mesmo que ele não mereça, assim como Jesus Cristo morreu pelos homens sem que eles merecessem.
Isso deve acontecer com espontaneidade, caso haja algum interesse escondido, de nada valerá a atitude. Lembre-se que Deus reconhece os desejos nosso coração. As nossas intenções serão refletidas no relacionamento que construímos com Deus, pois Ele irá nos tratar exatamente como tratamos as outras pessoas, é ai que acontece a reciprocidade.
As pessoas não tem absolutamente nenhuma obrigação contigo. Mas, Deus fez um compromisso de nos dar exatamente aquilo que nós oferecermos aos outros.
Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas. (Mateus 7:12)
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; (Mateus 5:7)
O amor é bom?
Entretanto, os conceitos de Bem e Mal que a Palavra nos ensina também tem significados diferentes aos do senso comum. No senso comum, acreditamos que Bem é tudo aquilo que provoca felicidade, enquanto o Mal nos causa sofrimento, assim atribuímos o valor de uma ação à sensação momentânea.
Porém, a bíblia nos ensina que o que realmente importa não é a sensação que esta situação nos provoca, mas às consequências a longo prazo. Por exemplo: um pecado pode ser prazeroso no momento que o praticamos, mas nos leva a perdição; a correção nos causa sofrimento, pois nos priva daquilo que desejamos, porém nos leva a sabedoria.
O Bem e o Mal não são definidos pela ação, mas pela consequência dela. Assim, amar o próximo pode significar desagradá-lo por alguns momentos em prol de um bem maior.
Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. (Gálatas 5:13)
Pois quando éramos controlados pela carne, as paixões pecaminosas despertadas pela Lei atuavam em nosso corpo, de forma que dávamos fruto para a morte. (Romanos 7:5)
Convivência agradável
O bom convívio também não é sinônimo de Amor. Como foi mencionado anteriormente, Cristo amou a todos, porém conseguiu viver em paz com pouquíssimos. Isso é retratado na Bíblia quando nos fala das perseguições que sofria, dos mercadores que foram expulsos do templo e da sua crucificação.
Isso aconteceu como uma resposta do mundo ao Amor de Deus. Por que amar não significa agradar sempre, mas mostrar ao próximo o verdadeiro Bem. Muitos não o aceitam e se revoltam, por sua visão pequena não conseguem ver o que suas atitudes estão lhe gerando como futuro.
Mas o Amor Cristão é persistente e não se acovarda ao receber chicotadas, porque entende que a Bíblia não foi escrita para satisfazer os desejos humanos. Ela é como um mapa, que nos mostra o caminho para chegar até Deus.
Segundo o cristianismo, o único e real propósito do Amor é a salvação. Amar o próximo é aproximá-lo de Deus, se você não faz isso, então não o ama verdadeiramente.
Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. (Isaías 53:3,4)
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