A beleza e a saúde importam, por isso muitas pessoas ficam insatisfeitas com seus corpos quando engordam. Só que emagrecer pode parecer uma missão impossível às vezes, especialmente quando não consegue sair daquele efeito sanfona.
Manter o emagrecimento é muito mais difícil do que conquistá-lo. Se focar em dietas rigorosas e em atividades exaustivas funciona só por alguns dias. Por que, para se manter com o peso ideal, é preciso construir hábitos que vão além das obrigações pré-estabelecidas para emagrecer.
Hábitos começam pela mente, as ações são apenas consequências. Por isso, emagrecer não é só uma decisão racional. Inclui um amadurecimento emocional também, especialmente em relação a forma como se relaciona com a comida e com o próprio corpo.
Relação com a comida
Segundo a psicóloga Judith Beck, muitas pessoas têm dificuldade de emagrecer devido ao modo de pensar sobre seu corpo e sobre a forma como lidam com as situações cotidianas que envolvem a alimentação. Ficam presas no famoso “efeito sanfona”, por boicotarem o processo de emagrecimento e não construírem hábitos que mantenham o peso.
Hábitos
O comportamento por costume diz muito sobre a nossa saúde e nossa imagem corporal. Por exemplo, descendentes de italianos tendem a comer bastante massas, pessoas que tem pais obesos aprenderam a comer muito e mantém esse padrão após a vida adulta, algumas pessoas comem mais a noite devido a sua agenda.
São formas aprendidas sobre como e o que devemos comer. Por sempre viver desta forma, é muito difícil pensar em como fazer diferente. Algumas pessoas tendem a fazer mudanças radicais nesta tentativa, mas logo desistem devido ao sofrimento que essas mudanças causam.
Mudar hábitos não é nada fácil. Envolve trabalho, lazer, família e tudo o que o cerca no dia-a-dia. Quando existe uma mudança de hábitos, tudo muda junto, por isso é um desafio. O psicólogo consegue auxiliar o paciente a entender quais são as mudanças necessárias e como lidar com os seus impactos, sem que isso seja um sacrifício ou algo que cause sofrimento.
Crenças
Eu sei que isso parece estranho, mas existem crenças sobre a alimentação que influenciam no forma como comemos. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que recusar comida é falta de educação, então comem tudo o que lhes é oferecido. Isso é uma crença. Também é uma crença cultural de que, para comemorar alguma coisa, é preciso comer.
Por causa das crenças, a alimentação tem diferentes significados para cada pessoa. Algumas comem com a única intensão de nutrir o corpo e se fortalecer fisicamente para o dia-a-dia, outras entendem que comer é uma forma de convivência social.
Quem tem a crença de que comer faz parte de uma convivência social, pode sofrer muito quando tenta comer apenas para nutrir o corpo, porque está agindo contra o que realmente acredita. Identificar nossas crenças e entender porque pensamos assim é algo quase impossível de ser feito sozinho, por isso um psicólogo é necessário para colaborar com o emagrecimento. Além de identificar, será possível aprender a conviver com as crenças sem boicotar seu objetivo e sem grandes sofrimentos.
Emoções
O alimento pode ser utilizado como um consolador, como uma fuga da realidade ou como um prêmio com o qual a pessoa se presenteia. É bastante familiar em filmes a cena de uma jovem que termina o namoro e come um pote inteiro de sorvete enquanto chora. Nas músicas, temos a cenas de homens chorando o amor perdido bêbados em um bar. Como a arte imita a vida, logo percebemos o papel que atribuímos à comida quando sentimos qualquer tipo de sentimento doloroso.
A comida pode ser a melhor amiga de muitas pessoas quando estão sofrendo. Pois, é a única coisa que, naquele momento, consegue lhe dar prazer. A comida também pode ser vista como um prêmio. É comum o pensamento “trabalhei tanto hoje, mereço uma pizza” ou algo assim. Acontece que esse pensamento pode aparecer muitas vezes durante a semana, até mesmo todos os dias, levando a pessoa a obesidade.
Lidar com as próprias emoções deve ser um aprendizado que se adquire desde a infância (leia Educação emocional: como ensinar ao filhos). Quando isso não acontece, essa criança cresce e vira um adulto que não sabe lidar de forma saudável com seus sentimentos, descontando todas as suas dores na alimentação. O psicólogo pode ensinar esse paciente a mudar a forma como lida com seus sentimentos. Desta forma, ele poderá ter uma vida mais saudável física e emocionalmente.
Como não desistir
Ter calma e entender que emagrecer leva tempo é essencial se o que você quer é continuar com o peso ideal ao longo dos anos. A pressa nos faz ir por caminhos bem mais difíceis e, na maioria das vezes, sem saídas.
Existe peso ideal, mas não existe corpo ideal. Você pode até imaginar um, mas quando chegar lá ainda não terá satisfação. Por isso, não se prenda a essa ideia. Busque melhorar sempre, mas não odeie seu corpo. Basta olhar em noticiários e revistas para ver mulheres lindas e homens lindos fazendo diversas modificações físicas, pensamos que essas pessoas estão loucas em fazer isso, mas podemos ser como elas e nem sabemos disso.
Se focar em um padrão ideal, pode te fazer desistir. Pois, em cada momento que se olhar no espelho e ver que não conseguiu irá causar desânimo. Foque na pequenas evoluções e na sua capacidade de vencer esse desafio.
Não se puna por ter fugido da dieta no final de semana. Se você caiu, levante e continue andando. Não pare para lamentar, nem desista da meta. Você não estará começando do zero, estará continuando. Muitas pessoas, quando saem da dieta, desistem, se punem por não terem seguido com perfeição. Quanto mais cedo voltar, melhor vai se sentir e mais cedo irá emagrecer.
Na psicoterapia
A forma como pensamos e lidamos com nossas emoções influenciam as decisões, inclusive sobre o que comer e se fará exercícios ou não. Devido a isso, é necessário entender como os pensamentos afetam as escolhas. Assim, será possível quebrar os padrões de comportamento que boicotam o emagrecimento.
Para emagrecer, é preciso encontrar motivações que estejam acima do que nos faz desistir. Além disso, é necessário desenvolver estratégias para continuar esse processo sem sofrimentos. O psicólogo entenderá as circunstâncias sociais, familiares e emocionais do paciente, com isso desenvolverá com ele estratégias que realmente possam ser seguidas e que façam sentido para o paciente.
Auto-estima e amor próprio geralmente precisam ser trabalhados durante a psicoterapia de emagrecimento. Se o paciente tiver pensamentos disfuncionais sobre si mesmo, poderá desenvolver algum transtorno alimentar, como a anorexia, ou um transtorno de ansiedade, por exemplo. Por isso, o acompanhamento de um psicólogo é indispensável.
É importante ressaltar que o trabalho do psicólogo é uma parte complementar à mudança. Por isso, não substitui acompanhamento médico, nutricional ou de qualquer ou profissional da saúde envolvido.