A dor que uma traição provoca é esmagadora. Além de perder a confiança em alguém que se ama, ainda tem a sensação de humilhação e vergonha, insegurança para confiar novamente em qualquer outra pessoa. Sentimentos diversos ficam intensos e podem dificultar uma tomada de decisão racional e prudente.
Pensando na família, nas opiniões alheias e também nas mudanças que podem ocorrer, escolher qual rumo o relacionamento tomará a partir da traição pode ser muito difícil. A traição machuca tanto o coração do traído que a Bíblia Sagrada cita unicamente este motivo para o divorcio e casar-se novamente com outra pessoa.
Ainda que tenham filhos e que os mesmos sejam afetados por toda essa situação, a decisão de manter o relacionamento ou não é somente do casal. Parentes e amigos podem ajudar a refletir sobre isso, mas não devem decidir por você.
Traição tem perdão?
Qual é o significado do perdão para você? Já perdoou alguém antes? Perdoar não é uma simples ação, a qual basta ter vontade para fazer. Perdoar uma traição é um processo longo e também doloroso, que exige paciência e persistência.
Para algumas pessoas a traição é uma escolha imperdoável que o cônjuge pode fazer. Por isso, buscam a separação ou até mesmo vingar-se. De fato, a dor é inimaginável, mas outras pessoas ainda preferem persistir em nome do amor, da família ou do status social.
Mas perdoar é diferente de confiar. Diferente de outras situações, em casos de traição, é importante pensar no quanto é possível restabelecer a confiança e continuar em um relacionamento saudável e sem traumas futuros. É necessário pensar o quanto é possível conviver com o cônjuge que traiu e suportar muitas angústias e inseguranças que vieram junto com a descoberta da traição. Tirar tempo para imaginar o futuro evitando utopias pode ser decisivo.
Caso haja a escolha de perdoar, um processo longo seguirá. A vida a dois não será mais a mesma, por isso é necessário paciência também da parte da pessoa que traiu, até que a confiança seja restabelecida. O relacionamento precisará ser reinventado e novas combinações precisarão ser feitas para a convivência diária.
Se não houver a escolha de manter o relacionamento, mudanças diversas também precisarão ser vividas como a troca de moradia, viver o cotidiano de forma mais independente e se redescobrir como uma pessoa solteira. O que pode ser mais difícil é escolher qual dessas mudanças vale a pena viver a partir da traição.
Conversando com a pessoa que traiu
Conversar com a pessoa que traiu pode ser decisivo para tomar uma decisão. Pode ser muito difícil ficar cara a cara em um primeiro momento. Se isso for constrangedor, se permita esperar para fazer isso em outro momento, respeitando a dor que sente. Não tenha pressa em resolver isso logo. Conversar sem brigas é um desafio neste momento, mas faça o possível para conseguir, por você.
Ainda que você pense que não há justificativa para uma traição, é relevante entender o outro ponto de vista sobre isso, o ponto de vista de quem traiu. Assim poderá ser possível entender o que está acontecendo no relacionamento, como chegaram até aqui e também se autoavaliar. É importante estar seguro emocionalmente para ter esta conversa.
Também é importante entender o que é fidelidade para o outro. O que é ser fiel? Quando a infidelidade começa para ele(a) – é com imagens pornográficas, conversas intimas, beijo ou sexo? Obtendo essas respostas, poderá medir se o atual cônjuge corresponde as suas expectativas, se isso provocará insegurança ou confiança em um bom relacionamento futuro.
Perguntar à pessoa que traiu o que ela pensa que você sentiu ao descobrir a traição irá fazê-la se colocar no seu lugar, você poderá medir um pouco se essa pessoa queria ou não te machucar. Saber se existe disposição para mudar e continuar um relacionamento integralmente fiel também é importante para saber se vale a pena insistir na relação.
De quem é a culpa?
Quando se fala de culpa, sugere-se que deve ter uma punição para aquele que é culpado, enquanto a vitima deve ser restituída de alguma forma. A sociedade tem essa tendencia de buscar um culpado, principalmente quando existe sofrimento envolvido. Em relacionamentos amorosos é preciso ter um pouco mais de sensibilidade e cuidado em relação a isso.
Um relacionamento é construído pelas duas pessoas. Sendo assim, ambas são responsáveis pelo rumo que ele toma. Ainda que uma pessoa seja mais passiva, ela é assim porque escolheu ser. Toda decisão individual, por menor que seja, irá interferir em como a relação acontece.
Não é correto falar de culpa quando se trata de relacionamento, é preferível utilizar o termo responsabilização. Porque, simplesmente, não podemos entender os motivos que influenciam as escolhas de outra pessoa. O comportamento do outro influencia o seu e o seu comportamento também influencia o outro. Por isso é tão importante conversar sobre o que aconteceu.
Muitas pessoas demonizam o(a) parceiro(a) pela traição, outras pessoas se culpam pela traição sofrida. Nenhuma dessas atitudes é saudável emocionalmente. Para evitar julgamentos polarizados, é necessário entender a parte de cada um nessa história. Só assim será possível seguir em frente e tomar a decisão correta para você.
A decisão certa
A decisão certa é aquela que te deixará em paz. Não significa que será fácil seguir em frente, nem que se esquecerá do que aconteceu, mas te trará verdeira esperança de um futuro restituído. Essa decisão é apenas sua. Não se guie pelo desejo das outras pessoas ou por padrões esperados socialmente, apenas você conhece o próprio coração e sabe qual caminho levará a superação.