
Mais do que você pode ver.
Em uma prisão sombria, onde as correntes não se veem, Madalena vive cercada por vozes que a acusam, confortam e confundem. Vozes familiares, que ela conhece bem — sussurros que parecem cuidar, mas apertam os grilhões com suavidade traiçoeira.
Os dias se arrastam entre rotinas silenciosas, rostos repetidos e um feixe de luz que insiste em atravessar sua janela — pequeno demais para iluminar o chão, mas intenso o bastante para perturbar o escuro.
Então surgem os rumores. Dizem que um estranho chegou à cidade. Um Príncipe. Que caminha entre os presos. Que responde pelo nome. Que liberta.
Dentro da prisão, os opressores se agitam. Reuniões sussurradas. Ordens veladas. Janelas tapadas. Um conflito silencioso começa a crescer — feito rachadura em muralha antiga. Uns dizem que é loucura. Outros, que uma guerra se aproxima.
Madalena aprendeu a viver com as correntes, fingindo que não pesam.
Mas quando ele vem, traz consigo a luz tão forte que ilumina a prisão, desfaz mentiras, expõe feridas e revela cada opressor — ela começa a enxergar o que nunca ousou ver.
Agora, entre o medo e a esperança, entre a cela e a luz, ela terá de escolher:
permanecer onde sempre esteve… ou crer que nasceu para ser livre.
