Lidando com a injustiça no casamento

Em certos momentos do casamento, a dor não vem só da situação em si, mas da sensação de injustiça. Do esforço não reconhecido. Das palavras que não foram ditas. Do cuidado que faltou. Do olhar que não veio. Você fez tudo o que podia. Tentou, cedeu, perdoou, esperou. E mesmo assim, nada pareceu suficiente. Essa frustração gera um turbilhão dentro da gente: raiva, tristeza, solidão. E uma pergunta latejante: “Por que comigo?”

No livro Entre a Dor e a Promessa, essa dor é reconhecida como legítima — especialmente quando sentimos que fizemos tudo o que podíamos e, mesmo assim, nada mudou. O sentimento de injustiça, ali descrito, muitas vezes vem acompanhado da sensação de abandono e desamparo: “Ninguém se importa comigo”.

Não Decida no Auge da Dor

A vontade de resolver tudo no calor da emoção pode ser forte. Às vezes, o impulso é o de desistir, gritar, ou colocar um ponto final. Mas decisões tomadas no meio da tempestade raramente são sábias.
A dor bagunça os pensamentos. A mágoa distorce a percepção. E a impaciência faz parecer que nada vai mudar — que tudo sempre será assim.

Mas existe um valor imenso em esperar a poeira baixar. Em respirar. Em silenciar. Em observar com calma antes de agir. Porque quando a dor não está gritando tão alto, a clareza volta. E com ela, a capacidade de enxergar o que realmente está acontecendo — inclusive dentro de si.

O Que Essa Dor Está Te Mostrando?

É fácil focar nos erros do outro. Mas talvez a pergunta mais poderosa que você possa se fazer agora seja:
“O que essa dor está revelando sobre mim?”

Essa reflexão aparece como um convite à autorresponsabilidade. Em vez de alimentar o foco na falha do outro, somos chamadas a olhar para dentro e perguntar: “Por que estou tão fragilizada? Por que essa dor me desestabilizou tanto?”
O sofrimento, nesse contexto, é visto como uma ferramenta que expõe também as nossas próprias falhas — não para condenar, mas para tratar, curar e amadurecer.

A Impaciência Também Fala Alto

Quando estamos machucadas, queremos alívio imediato. Queremos que o outro perceba, mude, peça desculpas — de preferência, agora. Mas a realidade é que mudanças emocionais levam tempo. E esperar pode ser exaustivo, especialmente quando não há garantias do que virá depois.

O livro lembra que Deus não trabalha no nosso tempo, mas no tempo perfeito d’Ele. Enquanto esperamos, Ele está preparando o nosso interior. E, se permitirmos, também estará preparando o outro. A espera faz parte da cura.

A Espera Também Cura

Você não precisa decidir tudo hoje. Nem entender tudo hoje. Talvez o maior presente que você possa se dar agora seja o direito de esperar a tempestade passar. Durante essa espera, algo acontece — dentro e fora de você. Uma reorganização emocional, uma nova visão, talvez até um renascimento.

Como afirma Entre a Dor e a Promessa, a dor que hoje parece impossível de suportar pode, com o tempo, se tornar leve, quando comparada à transformação profunda que ela produz. E quem sabe, ao final dela, você descubra que não precisa mais das mesmas respostas que buscava no início da dor.