Segundo o psiquiatra Jeffrey Satinover, a pornografia tem efeitos 100 vezes mais intensos do que a heroína, devido a facilidade de acesso e quantidade de pessoas prejudicadas, sendo injetada diretamente no cérebro pelos olhos. O fato dela ser disponível de forma ilimitada online, sutilmente através de filmes e programas de TV, glorificada como arte, aceita por uma considerável parte da população e protegida pela Constituição, a torna ainda mais perigosa.
Como o sistema nervoso reage a pornografia
O cérebro não sabe a diferença do que é real, imaginário ou virtual. Ao pensarmos em algo que provoca desejo ou qualquer tipo de emoção, ele libera químicos naturais que afetam o corpo e o comportamento. Um exemplo disso acontece quando você vê a foto de algo que adora comer, logo começará a salivar e pensar em comprar ou fazer o alimento que viu. Com a pornografia não é diferente.
Ao se deparar com cenas pornográficas – sejam reais ou virtuais -, sentimos somente a excitação sexual. Por ser uma sensação prazerosa, não parece ser algo prejudicial, isso porque o que acontece no sistema nervoso é silencioso. A substância nigra do mesencéfalo fabrica dopaminas proporcionalmente ao que é necessário para ter uma relação sexual.
No caso da pornografia, invés de acontecer a relação sexual, ocorre a masturbação. Quando o cérebro recebe a informação de que não houve relação sexual, cria um novo caminho neural para utilizar a grande quantidade de dopamina que foi fabricada, já que no ato masturbatório não é possível. Este caminho é o vício, ele inicia brandamente e ao longo dos acessos a pornografia vai se intensificando.
“Encontramos um importante vínculo negativo entre o ato de ver pornografia durante várias horas por semana e o volume da matéria cinzenta no corpo estriado do cérebro. ” Cientistas do Instituto Max Planck
Algumas pessoas acreditam que não são viciadas porque não sentem uma fissura pela pornografia, é um erro pensar assim. Desde o primeiro acesso, esse caminho viciante é construído. Inicialmente, ocorrem alterações químicas no cérebro. Ao longo do uso, alterações físicas começam a surgir, é neste momento que a compulsão repetitiva é percebida como vício. Um apetite sexual insaciável aparece, até pessoas que tem relações sexuais começam a se sentir insatisfeitas, o que pode levar o casal a brigas, divórcios e traições. Por conta da insatisfação, o viciado busca por conteúdos mais obscenos, podendo chegar a pedofilia, incestos, zoofilias, estupros.
Por que as pessoas acham que precisam de pornografia?
Existem outras formas de explorar a sexualidade sem que seja necessário o uso da pornografia. Algumas pessoas dizem que ela é necessária para aprender novas formas de sentir prazer, outros dizem que é importante para apimentar a relação, ainda há aqueles que acham que ela é necessária para que a pessoa tenha conhecimento do próprio corpo e também aprenda a ter relações sexuais. Entretanto, existem outras formas de conseguir esses benefícios sem provocar prejuízos.
A sexualidade faz parte na natureza humana, portanto não deve ser negligenciada. Em páginas virtuais de profissionais da saúde – como sexólogas, ginecologistas, fisioterapeutas e psicólogos – existem vídeos, dicas e estudos sobre como explorar a sexualidade e conhecer o próprio corpo. A pornografia mostra uma fantasia de como deve ser o corpo e a exploração do prazer.
Muitos homens e mulheres, sentem-se inadequados sexualmente por não ser como essa fantasia mostra, também se frustram nas suas relações sexuais por não ser como a do filme. Algumas pessoas – principalmente mulheres – aceitam relações sexuais das quais não gostam, muita vezes violentas, porque acham que aquela é a forma certa ou por medo de não satisfazer o parceiro e tentado ser “boa de cama”. Os homens criam diversas performances que aprenderam com a pornografia, acreditando que é isso que as mulheres querem – porque uma atriz encenou que era bom. Ambos saem frustrados.
Acreditar que a pornografia é uma forma de ensinar os jovens a ter relações sexuais é uma ilusão. Com ou sem pornografia, o casal precisa aprender um sobre o outro. É preciso ter convivência para entender a forma ideal de prazer, pois cada homem e mulher são diferentes e sentem prazer de formas diferentes. Os padrões pornográficos não contemplam isso, prejudicando a intimidade emocional do casal.
Existem várias fontes de informação para apimentar os relacionamentos sem a necessidade da pornografia. Vários canais do youtube, como o da Cátia Damasceno, que dão diversas dicas sobre relação sexual, autocuidado e autoconhecimento. Vários sites masculinos como o El Hombre apresentam, entre outros assuntos, dicas sexuais para que homens possam melhorar as suas práticas.
Ouça o PodCast “Dicas para se livrar do vício em pornografia“